Como Encontrar uma “Marmita de Casal”
Quando o sexo casual a três é uma escolha voluntária e consciente, todos os envolvidos podem ser beneficiados por essa exploração da sexualidade. E quando um indivíduo tem a fantasia sexual de ser a terceira pessoa de um casal, é chamado de “marmita de casal”.
Há quase duas décadas, alguns adeptos da prática utilizavam o termo “lanchinho de casal”. Porém ele foi caindo em desuso dentro das comunidades liberais, pois muitos consideravam pejorativo. E agora voltou com força depois de uma celebridade afirmar que adora ser marmita de casal, abrangendo não apenas as comunidades liberais mas chegando até camadas mais tradicionais da sociedade.
A pedido da jornalista Camila Cerone, escrevi algumas dicas para quem está em busca da “marmita” que foram publicadas na Marie Claire.
Existem três formas básicas de procurar pela marmita:
1 – Quem já está inserido em comunidades liberais:
- Uma das melhores estratégias para quem já está inserido em comunidades liberais é pedir indicação. A maioria dos adeptos fazem parte de redes ou grupos do segmento e é comum pedir referências de solteiros.
2 – Quem prefere pessoas conhecidas:
- Há parcerias que preferem escolher a terceira pessoa entre pessoas previamente conhecidas: alguém da academia, um crush da vizinhança ou um amigo do par. Nesses casos comece uma conversa como quem não quer nada e “deixe escapar” que existe um interesse na pessoa. Se for recíproco, é provável que o candidato fique interessado e faça mais perguntas para determinar se é uma opção viável, como por exemplo: os dois parceiros estão confortáveis, se ele não vai criar algum problema para a parceria ou há quanto tempo eles curtem algo a três. Procure sempre deixar o convidado à vontade, tirando todas as dúvidas que ele tiver mas sem perder o tom de sedução, afinal, a grande sacada na hora do convite é deixar claro que apesar de chamar “marmita”, o convidado será o prato principal.
3 – Quem prefere desconhecidos:
- O caminho é pesquisar em diversos apps e redes sociais até encontrar alguém que chame a atenção dos dois parceiros. A partir daí, inicie uma conversa online e se o papo for bom, sigam para a fase 3: confirmar que se trata de uma pessoa real do outro lado da tela. Para isso, vale trocar fotos de rosto, fazer chamadas de vídeo, trocar whatsapp. Mesmo depois de tudo isso, sair com um desconhecido requer alguns cuidados básicos, como por exemplo, marcar encontro em local público, de preferência com segurança por perto; nunca ir direto para o motel ou na casa da pessoa, não levar a pessoa para a sua casa no primeiro encontro, não trocar dados pessoais como rg, cpf, cartão de crédito. Há dezenas de encontros que deveriam ser divertidos e se transformaram em pesadelos, e não queremos que ninguém passe por isso, certo? Depois desse primeiro encontro, pode ser que todas as coisas boas que vocês imaginaram durante as conversas online sejam confirmadas. Se sentirem segurança, partam para um local mais íntimo e boa diversão. Mas se ainda precisarem sentir mais confiança ainda, marquem um segundo, terceiro… quantos encontros precisarem para se sentirem seguros em relação ao candidato.
Como saber quem pode ser boa pessoa para incluir no relacionamento?
Com muita conversa. É impossível saber se uma pessoa é boa em tão pouco tempo, muito menos só olhando para ela, por mais linda que seja. As pessoas se revelam nos detalhes, por isso, quanto mais conversa aleatória, fora do contexto da fantasia, mais fácil é saber se a pessoa é confiável ou não. Além das preferências sexuais, pergunte sobre livros que ela gosta de ler, filmes que ela viu recentemente ou quais são seus pets favoritos. Isso ajuda a ter uma ideia de quem é a pessoa.
O que buscar no candidato:
Cada parceria vai ter uma preferência e os critérios devem ser decididos em conjunto, alinhando os desejos dos dois. Eles podem ir desde o mínimo de exigências, como apenas ser simpátaico; até critérios que beiram o absurdo, como nível social ou cor do esmalte. Como se trata de fantasia sexual, parte-se do pressuposto que a sexualidade é cheia de subjetividade, portanto, é natural que cada um deseje uma coisa diferente. O importante é que o par esteja com essas preferências alinhadas entre si para que a busca pela terceira pessoa seja mais eficiente.
Que conversas o par deve ter antes?
É importante falar sobre ciúme e como cada um espera reagir caso ele apareça. Dessa forma é possível elaborar estratégias para lidar com o sentimento de uma forma mais adequada. As parcerias também podem fantasiar detalhes da experiência, como as posições que desejam experimentar ou se pretendem usar acessórios na brincadeira, assim é mais fácil de levar a experiência de forma mais leve e divertida. O que não deve ser brincadeira é o uso do preservativo, este deve ser item obrigatório.
Onde marcar o primeiro encontro, direto na casa, motel ou bar?
O primeiro encontro vai depender de quem é a terceira pessoa: um conhecido/amigo pode ser em casa, um desconhecido não. Mas no geral, um local neutro é uma ótima opção pois se a experiência não estiver correndo como o esperado e alguém quiser parar, é mais fácil ir embora do que expulsar alguém da propria casa.
Como receber a pessoa?
Há parcerias que gostam de um papo antes, receber com uns petiscos ou bebidas pode ir quebrando o gelo aos poucos. Já existem pessoas que preferem ir direto ao ponto e receber o candidato como vieram ao mundo, assim não há dúvidas de que a conversa vai ficar para depois da fantasia.
Gosto de lembrar meus pacientes que por melhor que a fantasia pareça ser, a realidade é diferente. Nem sempre as coisas acontecem como imaginamos e é perfeitamente normal querer para tudo se houver desconforto. É importante deixar claro para todos os envolvidos que tudo é permitido, mas nada é obrigatório. Seja no campo físico ou emocional, se você sentir que é hora de parar, pare. Quando o assunto é sexo, nunca vale a pena fazer algo que você não quer.
Marinna Roty
Sexóloga, Psicóloga e Mentora em Não Monogamia Consensual.